o festival
O Porto Alegre em Cena construiu passo a passo sua história com a cidade, trazendo os grupos mais relevantes da cena brasileira e mundial, mas também abrindo caminho para o novo, o diferente, o que desacomoda. Muitos carregam em suas memórias esses espetáculos que literalmente atravessaram suas existências, e também memórias de convívio com amigos, como nas famosas filas na abertura das bilheterias do festival, que se transformavam em um acontecimento e proporcionavam encontros de muitas gerações.
Nas ‘primaveras’ do Em Cena, a cidade se enchia de luzes e cores, com salas de teatro lotadas, a rua pulsando. Em quase três décadas, o festival que começou tímido, tateando os espaços, mas já com uma programação apontando para o futuro, consolidou-se e abriu caminhos inimagináveis. Trouxe a Porto Alegre montagens de Peter Brook, Ariane Mnouchkine, Pina Bausch, Berliner Ensemble, Eimuntas Nekrosius, Patrice Chereau, Sankai Juku, Marianne Faithfull, Philip Glass, Goran Bregovic, Bob Wilson, entre tantas outras produções internacionais de peso. Apresentou ao longo de sua existência as grandes companhias brasileiras, como o Teatro Oficina, a Armazém Companhia de Teatro, Grupo Galpão, Cia de Dança de São Paulo, Companhia dos Atores, importantes coletivos e grupos dos países do Prata, novidades cênicas dos quatro cantos do Brasil.
O festival foi impulsionador da efervescência nas artes cênicas locais, movimentando a produção das artes na cidade e no Brasil, promovendo debates, conversas, trocas de saberes, premiações, oficinas e intercâmbios.
31 anos fazendo história
LUCIANO ALABARSE
coordenador geral
Atravessado pelo tempo, chegamos à 31ª. Edição do Porto Alegre em Cena, nesse difícil ano de 2024, com nossa energia voltada às questões estruturais de um festival de prestígio indiscutível como o nosso. O tempo castigou o Rio Grande do Sul: as chuvas transformaram o Estado, as águas dos rios subiram, os ventos destruíram campo e cidades, milhares de pessoas desabrigadas, pontes interrompidas, um estrago gigantesco…
Como qualquer um, minha reação foi de espanto e impotência. As perguntas sobre o futuro se impuseram imperiosas, urgentes. Futuro individual, futuro profissional. Qual o papel da arte no meio de uma tragédia climática sem precedentes? Qual o sentido de somar forças e iniciativas para preservar as condições do ofício artístico num cenário devastado e destruído? Esse e muitas outras perguntas pediam respostas e posicionamento.
Com o Em Cena, não foi diferente. Nossa equipe trabalhava há meses já numa edição que marcaria o retorno do festival às suas raízes de festival internacional, e tínhamos alinhada uma programação potente e impecável. A questão, no entanto, não podia se resumir a fazer um festival internacional de artes cênicas, desconhecendo a adversidade, as dificuldades e a realidade do nosso Rio Grande.
Numa manhã, acordei decidido a encarar essa situação e propus ao grupo uma mudança radical de nossas metas e objetivos. Nosso festival deixaria seus parâmetros construídos ao longo de trinta anos, para fortalecer um evento voltado aos grupos e trabalhadores gaúchos de cultura. Colocada ao grupo curatorial, a reação foi imediata e emocionante. Começava ali um Em Cena voltado à produção cênica dessa categoria profissional necessitada de alento, carinho e força de trabalho.
Não vamos abandonar os conceitos consolidados ao longo dos últimos trinta anos. Mas vamos trabalhar, em 2024, para recuperar animo e esperança através festival. O que pudermos fazer, o que iremos fazer, depende muito do resultado de nosso esforço em captar patrocínios que beneficiem artistas, grupos e espaços locais, vamos abrir lugar para o interior do Estado ser ouvido, vamos fazer o que é possível e o que está em nossas mãos.
Os primeiros retornos são de adequação e parceria. Não prometer o impossível, mas buscar juntos o possível. Queremos ouvir a classe artística, destacar a liberdade que a Secretaria Municipal da Cultura concedeu à essa ideia e tentar fazer arte no meio de tanta demanda reprimida. Essa é a função do 31º Porto Alegre em Cena. Que tenhamos energia, força e parceiros pra fazer o máximo possível pelo teatro gaúcho. Ao trabalho!
equipe
Equipe da 31ª edição do Porto Alegre em Cena
Coordenação geral
Luciano Alabarse
Coordenação de produção
Cláudia D’Mutti e Letícia Vieira
Curadoria
Angela Spiazzi, Fernando Zugno, Karine Paz, Marcelo Restori, Patrícia Leonardelli (DAD/UFRGS), Rodrigo Marquez (SATED RS) e Vika Schabbach
Direção de produção
Bruno Mros
Produção executiva
Shi Menegat
Produção técnica
Arthur Serpa
Coordenação técnica
Maurício Moura e João Fraga
Produção de formação de público e Acessibilidade
Daniela Lopes
Coordenação de Acessibilidade / Libras
Ângela Russo/ Para Todos Acessibilidade
Coordenação de Acessibilidade / Audiodescrição
Mimi Aragon/ OVNI Acessibilidade Universal
Assistente de produção primeira etapa
Jaques Machado
Produção de descentralização
Fábio Cunha
Produção de palco
Luka Machado, Roze Paz
Equipe de Comunicação
Identidade visual: Pubblicato
Design Gráfico e redes sociais: Trevo Comunicação Criativa
Assessoria de imprensa
Cátia Tedesco e Mari Moraes | Agência Cigana
Gestão de Financiamento
Primeira Fila Produções e Voz Cultural
Gestão Cultural
Primeira Fila Produções
Realização
Prefeitura Municipal de Porto Alegre e
Ministério da Cultura, Governo Federal – União e Reconstrução.
O 31° Porto Alegre em Cena – Festival Internacional de Artes Cênicas conta com o financiamento da Lei Federal de Incentivo à Cultura e da Lei Estadual de Incentivo à Cultura. Com patrocínio premium da Petrobras, patrocínio master de BB Asset e patrocínio de Itaú, Panvel e Zaffari, a gestão cultural é da Primeira Fila Produções, e a realização da Prefeitura Municipal de Porto Alegre e do Ministério da Cultura, Governo Federal – União e Reconstrução.
curadoria
A equipe de curadoria da 31ª edição do Festival Porto Alegre em Cena, formada por Angela Spiazzi, Fernando Zugno, Karine Paz, Marcelo Restori, Patrícia Leonardelli (DAD/UFRGS), Rodrigo Marquez (SATED RS) e Vika Schabbach, teve a difícil tarefa de selecionar, de 314 projetos inscritos, aqueles que irão integrar a grade de programação do evento que se realizará de 23 de novembro a 1º de dezembro de 2024.
Comprometidos em realizar uma edição exclusivamente composta por trabalhos gaúchos, reforçando assim o compromisso do evento, neste ano de 2024, de contribuir na reconstrução e valorização dos artistas locais, duramente atingidos pela crise climática, mantendo, nesta escolha, parâmetros estéticos que valorizam a qualidade e a capacidade crítica e investigativa das produções cênicas; a equipe curatorial destaca aqui os pressupostos que balizaram suas escolhas.
O grupo elencou cinco pontos prioritários que, articulados entre si, resultaram na seleção abaixo descrita: qualidade estética e crítico-investigativa da proposta; maior amplitude possível de artistas e grupos selecionados; reconhecimento aos trabalhadores da cultura com longo tempo de contribuição ao campo das artes da cena no Estado; orçamento do evento; e espaços cênicos disponíveis para a realização das atividades propostas.
Além dessas premissas, os curadores decidiram por retomar o eixo descentralizado do Festival que, por anos, esteve presente no evento, reforçando a importância de acessar, nesta edição, as regiões mais atingidas pelas enchentes de abril/maio de 2024. A equipe também deu atenção às propostas de ocupação de sedes de grupos e coletivos da cidade, como forma de valorizar esses espaços, possibilitando neles programações e interlocuções de diferentes artistas; bem como olhou, com acurada atenção, as ações que têm como foco refletir sobre o momento climático/ambiental que estamos vivendo a nível global.